A saúde mental e emocional do trabalhador

A saúde mental e emocional do trabalhador

No mês em que todas as atenções se voltam à conscientização sobre a importância da saúde mental (Lei n 14.556 de 25/04/2023 – Campanha janeiro branco), nunca é demais explorarmos novos olhares e novos pensares sobre como anda a saúde mental e emocional dos trabalhadores.

Em um mundo contemporâneo que ainda vive o paradoxo produção x qualidade de vida do trabalhador, assistimos um enorme desafio: para o trabalhador, as repercussões, na maioria das vezes silenciosa, do efeito interno gerado pela necessidade de produção cada vez maior determinada pelas corporações...e para o gestor, a difícil tarefa de conseguir colocar em prática políticas de saúde mental e emocional, aplicáveis aos seus trabalhadores, que são quem garantem a produção.

O trabalhador, em busca de se adaptar ao trabalho, pode adotar posturas nem sempre boas para lidar com o stress e a tensão geradas pela necessidade de produção e contínua superação, e quando ainda não reconhecido, vê instalar em si o fantasma da desesperança e perda da vontade. Por sua vez, os gestores, pressionados por terem que fazer com que seus colaboradores produzam mais e melhor, podem adotar uma comunicação imperativa, excedendo por vezes os limites da convivência e respeito...um ciclo que não fecha e que está cada vez mais sendo posto em xeque.

A contínua busca de sobreviver neste sistema fechado tem nos mostrado, através da história, um efeito “colapso”. Como o reconhecemos? Ansiedade, stress, desgaste, depressão, desesperança, desespero... enfim, podemos definir com uma palavra: burnout. De acordo com o Ministério da Saúde, síndrome de burnout ou síndrome do esgotamento profissional é um distúrbio emocional com sintomas de exaustão extrema, estresse e esgotamento físico resultante de situações de trabalho desgastantes, que demandam muita competitividade ou responsabilidade.

Mas como alcançar, então, um equilíbrio entre necessidades que parecem estar em lugares tão distantes? Uma pergunta que parece apontar para a necessidade de uma revisão profunda na relação estabelecida entre gestores, trabalhadores e seu ambiente de trabalho.

Adotar estratégias que recoloquem a saúde mental e emocional do trabalhador no centro da atenção da prática corporativa, parece ser um caminho sólido, que permitirá criar um ambiente de trabalho favorável a manifestação do potencial de cada ser humano. Há muito já se sabe que muito além do salário, valores subjetivos como liberdade de expressão, reconhecimento, gratidão, e tantos outros valores, estão na lista das expectativas dos trabalhadores em seu ambiente de trabalho, e na relação entre colegas e lideranças. O interesse legítimo pelo pensar e sentir do outro abre espaço para a construção de times mais unidos e dispostos a contribuírem uns com os outros. Ser acolhido, ter ideias e pensamentos validados e respeitados gera espaço para a construção de um clima organizacional que favorece o desejo de se estar onde está, e a produção passa a ser uma consequência.

Trabalhadores em posse de sua saúde mental e emocional, produzem melhor! Gestores em posse de sua saúde mental e emocional, administram melhor! E uma empresa que se preocupa e que cuida da sua saúde mental e emocional de todos a ela ligados, valorizando o bem-estar subjetivo de cada individuo, cria um ambiente favorável a produção.

Artigo jan. 2024 - Maurício da Silva Carneluti é palestrante e psicanalista na Mais Saber Educação.

Referências:

(1) Ministério da Saúde - Síndrome de Burnout - www.gov.br

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