Fast Car feat. Se o caminho é meu, deixa eu caminhar
Fast Car feat Se o caminho é meu, deixa eu caminhar
Penso que seja interessante fazer um paralelo com o Grammy Awards deste ano para falarmos sobre a data de hoje. Fui surpreendida ao descobrir que quem cantava uma das músicas que eu mais gostava (um clássico atemporal) era uma mulher negra. E fiquei surpresa ao olhar as redes sociais, que eu não estava sozinha: li muitos comentários de pessoas que não conheciam a cantora Tracy Chapman.
Aí podem pensar: “Ah, mas não faz parte da sua cultura, é uma cantora norte-americana! E você é uma mulher branca brasileira...” No entanto vale compartilhar que eu sempre amei, de todo meu coração, a voz incomparável da Whitney Houston. E todos os hits de Toni Braxton.
Fiquei reflexiva. Uma grande cantora norte-americana negra cujo retorno da visibilidade foi apoiada por um homem branco em um dos maiores eventos da indústria musical. Com a alma pulsante através dos olhos, sua voz e postura potentes, ela brilhou e disparou nas paradas novamente. E ele soube genuinamente ser aliado e fã. Talento nato dela e ponto para quem intencionalmente pensou em celebrar o Black History Month com uma das apresentações mais simples e tocante que eu já assisti. Mas na maioria das vezes não é assim. Imagina para a mulher negra latino-americana e caribenha?
Por isso o dia de hoje, 25 de julho, é uma conquista da Rede de Mulheres Afro latino-americanas e Afro-Caribenhas junto à ONU para o reconhecimento de suas diversas lutas. Delas para elas mesmas. Ah se todos nós aprendêssemos e contribuíssemos com esta frase de Lélia Gonzalez: “A luta pela libertação da mulher negra é a luta pela libertação de toda a humanidade.”
No Brasil foi instituído como Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra: homenagem à grande líder quilombola pela resistência à opressão e escravidão das pessoas negras e indígenas no séc. XVIII. Não dá pra dizer que é celebração, mas muita reflexão, intenção e ação. É uma luta histórica.
Gostaria muito de ter estudado na escola sobre mulheres negras que fizeram história, mas que foram invisibilizadas pela estrutura social:
- Antonieta de Barros, que foi uma mulher a serviço da educação, lutou por um ensino de qualidade e acessível a todas as mulheres. Na década de 1930, tornou-se a primeira líder negra a assumir um mandato popular. Usava o pseudônimo Maria da Ilha para publicar livros, artigos e crônicas em jornais.
- Carolina Maria de Jesus, a voz da favela, era catadora de papel e mãe solteira de três filhos. Começou a escrever um diário em cadernos recolhidos do lixo para esquecer a fome e alcançou sucesso internacional.
- Maria Felipa de Oliveira, símbolo da resistência pela independência do país, expulsou os portugueses da ilha de Itaparica no século XIX. Destacava-se como marisqueira, capoeirista e líder de um grupo de mulheres corajosas conhecidas como as vedetas da praia.
E tantas outras mais...e por essas razões, sigo buscando conhecimento para que o caminho seja livre para todos, inclusive para todas nós...assim como Tracy, Dona Ivona Lara, que abriu espaço para a mulherada em rodas de samba, compunha músicas e apresentava seus trabalhos como se fossem de seu primo; já que ele teria mais chance de ser aceito.
O trecho da música Fast Car “I had a feeling that I belonged” e “Se o caminho é meu, deixa eu caminhar, deixa eu” de Dona Ivone Lara, o significado de ambas as letras, podem nos levar a refletir mais do que os números de relatórios que vemos todos os dias e que infelizmente ainda não mudaram...
Escrito por: Fabiana Cardoso M. de Jesus
Julho 2024 - Mais Saber Educação
Referências bibliográficas:
Livro: Extraordinárias - Mulheres que revolucionaram o Brasil - Duda Porto & Aryane Carraro
https://www.politize.com.br/dia-internacional-da-mulher-negra-latino-americana-e-caribenha/
https://www.letras.mus.br/dona-ivone-lara/se-o-caminho-e-meu/significado.html
https://www.letras.mus.br/tracy-chapman/7394/significado.html